sábado, 5 de janeiro de 2013

Quantos encontros diferentes acontecem na vida!

"The Reader, 2008" - Eu buscava apenas um filme para entreter, relaxar e pegar no sono...


(Fonte da Imagem: http://www.lpm-editores.com.br)

Eu não tenho medo
Não tenho medo de nada
Quanto mais eu sofro mais eu amo
O perigo só fará crescer o meu amor
Ele o afiará, perdoará o preconceito
Serei o único anjo que você precisa
Você deixará a vida ainda mais bonita do que quando entrou
O céu a levará de volta, olhará para você e dirá:
"Somente uma coisa pode nos completar
E esta coisa é o amor"
(Bernhard Schlink)


The Reader, ou "O Leitor", é baseado no romance "Der Voleser" de Bernhard Schlink.
Na Alemanha pós Segunda Guerra Mundial o adolescente Michael Berg se envolve, por acaso, com Hanna Schmitz.
Michael passa mal, retornando da escola, e é amparado por Hanna. Após três meses de cama, Michael visita Hanna para lhe agradecer o cuidado e atenção.

Um simples ato de gratidão, que embarca ambos numa aventura de descobertas: Michael descobre seu corpo, o sexo, seus desejos, a realização de fantasias; descobre a paixão, e com quinze anos vive seu primeiro e único amor. 
Eu realmente acredito que podemos ter vários homens ou mulheres "da nossa vida"; paixões arrebatadoras, únicas, incomparáveis. Aventuras doloridas, ou sofrimentos deliciosos. Mas amor... esse é apenas um; e bem aventurados aqueles que como Michael, e eu, encontraram o seu aos quinze!

Hanna, por sua vez, descobre que pode ser amada, desejada, atraente e interessante, independente dos muitos "poréns", "por quês" e "comos", dos anos de diferença, da classe social, da experiência na cama e do estilo de vida.

A história da paixão de Hanna e Michael dura apenas um verão, até que ela desaparece. Uma oportunidade, uma escolha feita por uma mulher sem muitas, que talvez pudesse ser o fim do calor de uma transa, ou do prazer de uma companhia para diversas situações; inclusive, o fim das belas leituras nas quais Michael envolvia e emocionava Hanna.

Oito anos se passam e Michael, então um interessado estudante de Direito, se surpreende ao reencontrar seu passado de adolescente quando acompanhava um polêmico julgamento por crimes de guerra cometidos pelos nazistas. Neste cenário, ele faz uma importante e particular descoberta sobre Hanna, e tem em mãos a possibilidade de libertá-la, mas expor quem ama ao que mais lhe aterroriza, ou deixar que a justiça se cumpra, respeitando os princípios de um futuro homem da lei.

Mais uma vez, o amor orienta Michael, e a vida de ambos segue; e esse mesmo amor os mantém juntos durante os 20 anos que Hanna passa na prisão, através da voz de Michael, do sentimento que permite a evolução intelectual da então senhora, e da angústia ao perceber, em seu último encontro, que não há mais tempo para viver a ardente paixão do passado, mais que o amor, o aprendizado, as lembranças, o crescimento mútuo deveriam bastar, e então calar quase 30 anos vividos, juntos, mesmo que na maior parte do tempo, com os corpos separados.

"Olhando-a
agora, Gurov pensou: "Quantos encontros diferentes acontecem
na vida!". O passado deixara-lhe a lembrança de mulheres
despreocupadas, benevolentes, alegres de amor, e que
lhe eram agradecidas pela felicidade, embora muito breve,
que lhes proporcionava; de outras, como, por exemplo, sua
mulher, que amavam sem sinceridade, com palavras supérfluas,
afetadamente, com histeria, com uma expressão que
parecia significar não ser aquilo amor, nem paixão, mas algo
mais significativo(...)
Tinham a impressão de que mais um pouco e encontrariam
a solução e, então, começaria uma vida nova e bela; todavia,
em seguida, tornava-se evidente para ambos que o fim ainda
estava distante e que o mais difícil e complexo apenas se iniciava."
(A Dama do Cachorrinho - Antón Tcheckhov)

Como comecei, eu buscava um filme apenas para entreter, relaxar e pegar no sono... Mas ele me colocou de frente à tudo o que tento esconder; as dificuldades com a profissão, com o emprego, o medo do julgamento, o peso da auto-crítica e o pavor de mais uma mudança, de assumir um fato e buscar a mudança e o movimento ao meu favor; o quanto é difícil aceitar a felicidade; o quanto não estar no padrão do mundo, ou não corresponder às expectativas é frustante; o quanto sou fraca, e o quanto sou forte; o quanto sou dúbia, o quanto todos são!!

Ele me fez reconhecer mais uma vez que eu tenho um amor, que eu amei um homem, e que mesmo na ausência de paixão, de sexo, de tesão, foi o amor que me fez crescer, que me fez mulher, que me faz até hoje encontrar o sentido de tudo.

Recentemente, um amigo me disse "Seja o homem que você deseja... Só de brincadeira" e outro "Pare de procurar o amor da sua vida, porque se não ele passará e você nem vai perceber"

O amor da minha vida já passou, e ainda bem que eu o percebi. Agora o homem que eu desejo, podem ser muitos, pode ser apenas um, mas que seja o meu! Pelo menos no instante em que estivermos juntos.

Eu não estou, eu sou feliz, e qual é o problema nisso? Eu tenho saúde, por mais que descuidada, eu tenho família, eu tenho amigos, colegas, parceiros... Eu tenho sorriso, eu tenho sonhos e possibilidades de realizá-los. Eu tenho escolhas, eu tenho encontros. Eu tenho eu.