domingo, 29 de dezembro de 2013

"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"

"O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo, indo embora" Cazuza

O mesmo grande amigo, que inspirou a postagem anterior, me fez outra pergunta inquietante em nosso último encontro: "você está namorando?" a resposta: "não" ele: "por que não?". E mais uma vez a ausência da resposta ficou entalada na garganta.

Acredito no que Criolo canta:
"Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita"

E tais almas vazias (não só de SP), solitárias, com vaidade excitada muitas das vezes estão acompanhadas. A solidão assusta! Por isso, dar as mãos sem amor se tornou cada vez mais comum.
Claro, existem exceções! Conheço casais que estão juntos para somar, e não subtrair.
Então por que eu não me junto à essa legião dos "antes acompanhado do que solitário" e estendo minha mão para caminhar ao lado de homens interessantes, que tenham atração por mim, ou que me atraem?

Eu tentei!
Depois de um relacionamento de 6 anos, outro de 2 (onde ambos eu fui, de certa forma, "a outra"), e um pedido de "casamento" recusado, eu permiti que alguém me conhecesse, e me permiti conhecê-lo também. Mas nossos objetivos eram totalmente opostos. Eu me entreguei, me transformei naquilo que ele dizia querer de uma mulher e a esta história terminou embalada pelas sábias palavras de Chico:
"Se eu só lhe fizesse o bem
Talvez fosse um vício a mais
Você me teria desprezo por fim"

E que desprezo! Mas, como já disse, existem exceções. Poderia ter dado certo. não quero mais julgá-lo e nem me julgar.

Então, por que eu não estou namorando?
Porque acredito que essa não é a minha urgência. Estou bem, obrigada, e acompanhada por outros amores, como minha família, meus verdadeiros amigos e meu gato.
Porque mesmo sendo tão nova, já passei por turbulências sentimentais que me fazem pensar muito bem antes de acreditar em príncipe encantado, "amor da vida", amor à primeira vista.
Porque eu me tornei dura (veja bem, dura é diferente de exigente!), descrente e tenho outras convicções.
Para mim, o que une duas pessoas é o respeito, a admiração, o encanto pelo sorriso, pelo modo como fala, como toca, como um beijo e um abraço são capazes de parar o tempo e me fazer sentir segura. A companhia vai além de ter com quem sair; é ter com quem compartilhar os pensamentos, os planos, o futuro. Alguém que ouça, critique, aponte os erros, dê sugestões, e me faça perceber que é chato estar sempre certa, e que existem outros caminhos, outras possibilidades. E que este alguém saiba que estou ao seu lado com este mesmo propósito. Meu amor compartilha o riso, a emoção, o choro, a angústia, a liberdade. Meu amor ama por completo, desde o fio de cabelo, ou da célula epitelial se ele for careca, até a ponta da unha mais comprida do dedo do pé.

Meu amor é utópico? De conto de fadas?
Não!
Ele simplesmente vai além da carne, das aparências e conveniências.

Meu amor amará sozinho?
Não!
Ele ME ama!
E aprendi com outro grande amigo "a ser o homem que eu desejo... só de brincadeira".

Meu amor não dá espaço aos instintos? Ele é tão "rigoroso"?
Claro que dá! A vida é muito curta para desperdiçarmos momentos de alegria, prazer e possibilidades de encontro.
Mas ele vai sem esperança; sem fantasia; e permite ser surpreendido!

"O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida." Fernando Pessoa


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