segunda-feira, 12 de março de 2012

Leonardo da Vinci, La déluge, 1910

"Oh! Que rumores assutadores escutam-se no ar obscuro rasgado pelo furor do trovão e pelas fulgurâncias de seus tremores, e que devastam e passam, abatendo tudo o que está na sua frente! Oh! Quantos destes você viu tampar seus ouvidos com suas mãos para não escutar o imenso rumor que enche o ar tenebroso do furor dos ventos misturados à chuva, e aos trovões celestes e ao furos dos raios! Outros não se limitam a fechar os olhos, mas põe suas mãos sobrepostas e as apertam para não ver o cruel destino que a cólera de Deus faz à espécie humana. Oh! Que desespero, e quantos loucos se precipitam do alto dos rochedos. Veem-se os ramos de um grande carvalho carregados de homens levados ao ar pela impetuosidade do vento.
Sejam quantas forem, as barcas estão viradas, umas totalmente, outras em pedaços, sobre pessoas que se esforçam por sua salvação, com atitudes e movimentos dolorosos, sentindo a morte ameaçadora. Outros, desesperados, se suicidam, não podendo suportar al angústia; uns jogam-se dos rochedos, outros estrangulam-se com as próprias mãos; outros, tomando seus filhos rapidamente, jogam-nos do aterro; outros batem-se com suas armas, matando-se a si próprios; outros caem de joelhos, suplicando a Deus.
Oh! Quantas mães choram seus filhos afogados, que elas sustentam em seus joelhos, erguendo seus braços abertos em direção ao céu e com o berro de uma voz que amaldiçoa a cólera divina; outros, mãos juntas e crispadas, mordem-se com um dente cruel com se se devorassem, ou rezam suplicantes, esmagados por uma imensa e insuportável dor."

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